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terça-feira, 8 de março de 2011

Aqui tem de tudo - Armazém de secos e molhados

Proust? Bobagem! Quem sou eu que nunca consegui ler todo À sombra das raparigas em flor para falar de Proust? Minha leitura proustiana é de resenhas de contracapa e das muitas menções a ele feitas e que encontrei nos livros que já li.
Acontece que eu estava a saborear uma fatia de pão-de-forma à qual acrescentei um naquinho de carne e me encontrei, naquele momento, sob o túnel verde da estrada de Cidreira fazendo um pic-nic com João e os dois filhos pequenos. Esse túnel passou a ser para mim a constatação do quanto pequena de generosidade uma pessoa pode ser.
Todos os anos, o veraneio da família era no mês de março porque as crianças ainda não estavam na escola e porque poderíamos desfrutar do empréstimo da casa de um amigo.
Num desses marços, recebi a visita de um senhor, parente do dono da casa, e de sua filha. Foram tratados como hóspedes muito especiais em decorrência do parentesco com o dono da casa. Durante quinze dias, dezesseis, parece-me, pai e filha não dispenderam de um tostão nas despesas, o cardápio diário foi estabelecido em função dos dois hóspedes e o tratamento de um hotel cinco estrelas.
Por outro lado, costumávamos também munir-nos de uma farofada e passar o dia na praia, sob uma barraca ou qualquer outro elemento que protegesse do sol.
Numa dessas farofadas, um vasto farnel acomodado numa caixa de isopor [ pão-de-forma, coxão duro de panela recheado com legumes e linguicinha defumada, cervejinha, compotas, gelo, frutas, refrigerantes, biscoitinhos ] saímos rumo à praia de Cidreira com a intenção de apenas "acampar", na hora mais forte do sol, na varanda da casa daquele amigo que nos emprestava a casa nos meses de março, porque sabíamos que a mãe daquela menina tratada por nós a pão-de-ló no verão anterior, e também esposa daquele hóspede cinco estrelas, estava ocupando a casa e não se importaria em nos emprestar a varanda por alguns minutos para que fugíssemos da torreira do sol do meio dia.
Na chegada, ao entrarmos no mar, encontramos a tal senhora - aliás muito conhecida nossa - e nem tivemos tempo de cumprimentá-la porque ela foi logo dizendo que não tinha feito almoço, que estava sozinha na casa, sei q+. sei q+... e foi logo nos dando as costas, andando meio de lado na água para não ser derrubada pela "suavidade" das ondas do Atlântico aqui no RS.
Resumo da ópera: como é que a gente ia pedir um alpendre emprestado para uma pessoa que quase fingiu nos desconhecer ao pensar que estávamos a fim de "acampar" na casa. Nós queríamos só um  naquinho de sombra para fazermos nossa farofada. Nada mais que isso. Que coisa feia, hein Dona?
Quando eu tratei bem o marido e a filha dela, não estava esperando recompensa nenhuma. Aliás, eu nem sabia ainda que iria "farofar" em Cidreira, no ano seguinte. Eu estava apenas sendo gentil e bem educada, conforme rezam as regras da hospitalidade.
Bueno... sem uma varanda para "acampar" e com uma caixa de isopor pela boca de itens apetitosos para um almoço ao ar livre, decidimos voltar em direção a Porto Alegre e "farofar" embaixo do túnel verde. Foi o melhor pic-nic que fiz em minha vida. Depois da pança cheia, uma leve sonequinha sob as árvores, voltamos felizes e contentes para a praia de Cidreira a fim de aproveitarmos o resto do domingo. A volta para Porto Alegre, não preciso narrar. É sempre aquela coisa de sempre: carro lotado de gente com cara de pimentão vermelho, o trânsito devagarquaseparando, cansaço, impaciência e a firme determinação de nunca mais fazer um programa assim.
Balela... no verão seguinte, num domingo qualquer, caixa de isopor estorada de quitutes, praia até o meio dia, farofada no túnel, volta à Cidreira e... retorno a Porto Alegre.
Quem não tem casa de praia, que "farofe" no túnel verde da estrada de Cidreira. É uma delícia.
E para quem não conhece o túnel verde, ei-lo pela lente de minha amiga Vera Maria.
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Chiiiii! Tentei colar a foto do facebook, mas o danado parece usar copyright. Para verem o túnel verde da estrada de Cidreira, procurem no face.


E pra não fugir à rera - bruxa que se preza sempre apronta. E eu aprontei: falei, falei, falei, do túnel verde, prometi a foto e... coisa de bruxa malvada mesmo...
Se quer ver o túnel, me procure no facebook.

Ademán. Os cães ladram... e a caravana passa. (sorry! Ibrahim Sued)

2 comentários:

  1. ODEIO farofeiro... Mas farofada é bom demaaaaaaaais!!! Vamos fazer uma aqui,né??

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  2. Ahaha!! Quase morri rindo!!Nao farofei em Cidreira mas tinha uma casa muito pequena pré moldada que era diputadiiiiissima pelos parentes e amigos. Uma pena nao termos nos conhecido antes pois seu joaozinho plantou muitas árvores e poderia farofar lá todos os anos. Isso foi nos anos 80 e iamos pescar ali na ponte da entrada, saca?? Tenho fotos dos pesqieiros. Tempos bosns aqueles .... bjbjbj

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