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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Aqui tem de tudo - Armazém de secos e molhados

Talvez tenha sido o boá que "a bonequinha" da "festa só delas" usa sobre os ombros - aquele bonequinha do post de ontem, lembram? - que resolvi falar de ovos hoje.
Em primeiro lugar, gostaria de narrar o episódio do dia em que cheguei no galinheiro - lá pelos meus seis anos de idade - e encontrei um lagarto deliciando-se com o produto das penosas. Meu susto foi tal, que voltei correndo para dentro de casa e ao tentar contar o episódio a minha mãe, a voz não saiu. Fiquei  muda de susto. Engraçado... e nunca tive medo de lagarto, aliás não tenho fobia por bicho nenhum. E nada de distorcerem minhas palavras, mentes poluídas....
Outro episódio  ovíparo...
Uma conhecida jornalista aqui da nossa terra apresentava seu programa diário e o convidado era um artista plástico e seus quadros a óleo representando... ovos. Porque o ovo é a matriz da vida, porque o ovo patati patatá... explicava o artista, quando a jornalista interrompeu-o:
- Fulano, e já que seu trabalho está fazendo tanto sucesso, estou curiosa. MOSTRE SEUS OVOS para mim e para nossos telespectadores.


E sem desmerecer meu poeta preferido - João Cabral de Mello Neto - em meio a um assunto tão prosaico, tiro do caldeirão o poema que melhor "diz" o epíteto de engenheiro da poesia atribuído a João Cabral. Quando li este poema pela vez primeira, literalmente senti, construí e "sopesei" um ovo na palma de minha mão.

O OVO DE GALINHA

 Ao olho mostra a integridade
de uma coisa num bloco, um ovo.
Numa só matéria, unitária,
 maciçamente ovo, num todo.

 Sem possuir um dentro e um fora,
 tal como as pedras, sem miolo:
 e só miolo: o dentro e o fora
 integralmente no contorno.


 No entanto, se ao olho se mostra
 unânime em si mesmo, um ovo,
a mão que o sopesa descobre
que nele há algo suspeitoso:

que seu não é o das pedras,
 inanimado, frio, goro;
 que o seu é um peso morno, tímido,
 um peso que é vivo não morto.


Ademán. Os cães ladram e a carava passa.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Aqui tem de tudo - Armazém de secos e molhados

Não falo... Não falo... Não falo...
Vou falar!
Aderbal fala demais. Geminianos falam demais.
VOU FALAR...
Éramos um grupo de respeitáveis senhoras organizando um "jantar só delas". Era o quinto ou sexto jantar só delas que o nosso clube realizava. Já fui logo dizendo que não gostaria de ter como atração artística da noite aqueles sósias de Ney Matogrosso sacudindo lantejolas e se contorcendo na nossa frente.
Depois de muita discussão, sugeri contactarmos alguns garotos de programa que se anunciam no jornal para que apresentassem algo diferente para nós.
O espanto foi geral. A cara de escândalo da esposa do diretor do clube foi estarrecedora: "Ah... isso não! O que que o meu marido vai pensar.. etc.etc. etc.
Ela, então, entrou em acordo com o rapaz da banda que sempre se apresentava para nós e ficou decidido que ele e a noiva dele fariam uma performance e que ele mesmo traria algnns rapazes conhecidos para que também fizessem parte da apresentação.
Gurias... guris... foi hilário.
A comenda do jantar só delas reuniu-se em volta da mesa da diretoria e os gajos se apresentaram, cada um fazendo mais pose que o outro, estufando bíceps, encolhendo barriga, espichado-se para parecer mais alto.
ui! ui! ui!
 E nós ali, respeitáveis senhoras, com as caras mais deslavadas do mundo, tentando passar uma fisionomia de pastel, tábua de passar roupa, ou qualquer coisa que transparecesse respeitabilidade.
Os rapazes foram escolhidos, foi apresentada uma performance de luz e sombra com o rapaz da banda e sua noiva. Os gajos escolhidos? Não lembro o que eles fizeram. Acho que desfilaram umas box e samba-cação.
A performance do casal foi muito, mas muito, mesmo, sensual, o mulherio enlouqueceu e até uma sapatinha que estava no nosso bando deitou de costas no chão e agitava pernas e braços de forma frenética. Até hoje não consigo entender por que nossa amiguinha gay fez aquilo - afinal a dramatização erótica era de homem com mulher, uai! Bom... deixa pra lá que há coisas entre o céu e a terra que nossa vã filosofia desconhece.
Bueno... a temática da festa era "Encontre sua minhoca no jardim", muitas brincadeiras foram feitas e o salão ornamentado com flores.
E a minhoca principal e que deveria fazer parte do arranjo das mesas das convidadas?
Bueno... a minhoca ficou por conta desta bruxa aqui.
Ei-la, ao vivo e a cores, vestida a caráter para uma festa chic: cílios postiços, colar e brincos de pérolas - legítimas, boquinha vermelha e um deslumbrante boá sobre os ombros. [ou aquilo que veste o boá são ombros mesmo? fica por conta da imaginação]

 Faz muito tempo que esse festa aconteceu, mas o caldeirão da bruxa Nika sempre esteve recheado de maldades. Prefiro que vocês pensem que é criatividade.
E como dizia aquele famoso colunista social do passado - lembrei o nome do homem, o Ibrahim Sued [P.Q.P! acho que o Dr. Alzheimer anda me rondando...] - "Os cães ladram e a camarilha passa. Ademám."

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Aqui tem de tudo - Armazém de secos e molhados

A bruxa e seu caldeirão, digo, sua lata.

Algum tempo atrás a imprensa fez enorme alarde e não era para menos. Apareceram flutuando, em vários locais da costa brasileira, latas contendo canabis sativa da mais pura qualidade. Purinha... E a turma do fumacê logo passou a chamar o produto, quando de boa qualidade, de "da lata". "Dá um bagulho, aí, bródi, mas tem que ser da lata. Cocô de cavalo... nã, nãni, nãnão!..."


Uma coisa nada tem a ver com a outra, mas toda vez que me deparo com um poema do qual gosto muito, lembro do episódio "da lata". Espero que Gilberto Gil não se aborreça comigo pela infame analogia. E nem vai se aborrecer mesmo. É um homem muito ocupado para estar lendo blogs de vovozinhaspiriguétis.
Aliás, é o poema mais belo que Gil escreveu - no meu parco entendimento de Literatura, claro.

M e t á f o r a
(Gilberto Gil)

Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz lata,
Pode estar querendo dizer o incontível.

Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz meta,
Pode estar querendo dizer o inatingível.

Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata.
Na lata do poeta tudo-nada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível.

Deixe a meta do poeta, não discuta.
Deixe a sua meta fora da disputa.
Meta dentro e fora, lata absoluta.
Deixe-a simplesmente metáfora.

É um dos poemas do caldeirão da Nika - bah... nada a ver com Luciano Huck - que ela guarda com carinho. Esta bruxa é apaixonada por poesia.
E devo agradecer a Vera - uma bruxinha que faz parte da minha vida há muuuuuuuuuuuuuito tempo - que me ensinou a amar a poesia.
Outro dia a bruxa apanha outro poema no caldeirão.

http://www.youtube.com/watch?v=at_sWeJWNps

E para encerrar, um youtube com a lata.
(Suponho que a moça do vídeo não vai me processar por direitos autorais...)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Aqui tem de tudo - Armazém de secos e molhados

AS MUITAS DELÍCIAS DE MORAR NUM SÍTIO
É quase um kama sutra - prazeres para os cinco sentidos
Pode-se falar literalmente delícia em todos os sentidos, porque não é só o paladar que se alegra com a "produção": limão, bergamota, goiaba, pitanga, araçá, banana, laranja-do-céu, laranja natal, amora, maçã. Espero, ano que vem, que o pêssego e a videira deem o ar da graça. A videira tá meio anoréxica -  não quer engordar. O pessegueiro encheu-se de flores - parecia um da plantação da Cica, mas o granizo levou tudo. Ainda há algumas outras árvores frutíferas que não sei o que produzirão, tal foi a quantidade de enxertos plantados no ano passado. ´
Audição, visão, tato e olfato também se regozijam.
O canto dos pássaros, o verde da natureza, a limpidez das estrelas à noite, a carícia do aveludado das folhas - ou o arranhão de um espinho de limoeiro pra quem é chegado numa sessão SM, o fantástico perfume das flores de laranjeira.

O araçá tá produzindo feito chuchu na cerca. [bah... eu havia escrito com "x" - afinal é com "x" ou com "ch"?]

 Uma penca de butiás. Doá-los éi  - viu como sei empregar a mesóclise? - à vizinha porque me provocam alergia. Com eles se faz um suco delicioso. Aprendi quando morei no Nordeste. No Nordeste não há butiá, mas uma fruta chamada "cajá" com a qual se faz suco. O cajá possui um caroço feito o butiá. Colocam-se os cajás no liquidificador com água e usa-se o procedimento "pulsar", várias vezes, por alguns segundos. A polpa do fruto despreende-se todinha. Cuidado para não quebrar as hélices do liquificador com os caroços do cajá. Depois é só coar, gelar e deleitar-se com um dos melhores sucos nordestinos.
Por que estou falando de cajá, se o assunto é butia? Ora... porque copiei do cajá o know how para fazer suco de butíá. E fica uma delícia. O gosto é parecido com o do cajá. 

Agora é a vez de falar da "última maçã do pacote", isto é, da maçã que restou. Primeira frutificação, minha macieira produziu umas 15 maçãs. Floriu bastante, produziu pouco por conta do granizo. Das que cresceram, saboreei umas 3 ou 4. As demais caíram do pé, o besouro atacou, o passarinho comeu... sei lá. Agora é esperar a próxima safra.




Amanhã ou depois eu volto com as amenidades do caldeirão da Nika, esta brucha que está à procura de Lalaco.

























































































domingo, 6 de fevereiro de 2011

Aqui tem de tudo - Armazém de secos e molhados









Já fui Caperucita, já tive um Lobo Malo, malo... Hoje estou bruxa. E... diretamente do caldeirão da Nika para todos os seguidores, e para aqueles que só mandam mensagem dizendo que leram meu blog - sigam-me, pô! - IOMPO.
Absolutamente sem inspiração para escrever.
Então vai um IOMPO.
(iiiiiiiiiiiii. o mismo prato de ontem!)

POETA DE ARAQUE

Aqui tem quero-quero,
da corruíra já falei,
tem maritacas
(caturritas, abestada!)
por conta das araucárias muitas.
Tenho uma no quintal.
Olha a ambigüidade...
Caturrita ou araucária?
Araucária ainda menina.
Espero, ano que vem,
que as maritacas nidem
na frente da minha casa.

Tem canário-da-terra,
sabiás atrevidos
a saborear as amoras,
pica-paus sem noção
que só cantam ao amanhecer.
Não falta o carcará,
também vulgo gavião,
rabo-de-palha, bem-te-vi...
(Detesto essa mania de imitar Mário de Andrade.)

E o galo branco da vizinha (?!)
que canta dia e noite.
(Numa geladeira sem uso,
foi posto a dormir 

com a porta fechada.
Espero que a vizinha tenha deixado
pelo menos uma fresta
pro bicho respirar).
Mas de dia ele me alegra
com seu canto sem fim.

Na redondeza tem também
três ongs de cachorros...

ó! - o galo acabou de cantar.
Cantou de novo!
Chiiii, cara, cantou de novo!
... de novo!
... de novo!
...........
Não falo mais do galo,
caso contrário não sobra tempo
pra falar de outras coisas.

Falávamos mesmo de quê?
Ah... de aves e de cachorros...
Esse galo me atrapalhou.

Quando a chuva parar
e o tempo melhorar,
o sol voltar a brilhar,
espero que venhas conferir
e do galo branco muito rir...
(puta merda!
que monte de rima pobre!)









As fotinhos, somente quem mora nas beiradas de uma grande capital brasileira - diga-se área rural - vai entender.
Beijim, bejim, pau, pau. Até a próxima. Eu vou, mas eu volto.